El Pueblo – Carlos Saguier

Resumo:

A imagem no cinema, na imensa maioria das vezes, se apresenta de maneira transparente, discreta e sóbria. Ela é elaborada em favor de uma narrativa que reina soberana e qualquer destaque dado às suas particularidades pode interromper a desejada fruição das ideias concatenadas na obra. Sua submissão ao mundo das histórias é incontestável e, compreensivelmente, conveniente. No entanto, mesmo que sua matéria não seja explícita, o que macularia seu caráter cristalino e servil, é sobre ela que a história do cinema se constrói. É nela (matéria) que os gestos cinematográficos (movimentos de câmera e de atores, cenários, cores, texturas etc.) são inscritos no filme e é através dela que sua força cinética é transportada. Uma matéria plástica, cuja maleabilidade se torna um instrumento de criação e que, ao longo da história do cinema, foi explorada das mais diversas maneiras. Sendo assim, trazemos para esta conversa a análise de um pequeno e esquecido filme paraguaio, El pueblo (Carlos Saguier, 1969), que escapa às classificações de gênero e goza de livre trânsito entre os campos do documentário e da ficção, entre fatos e crenças e entre temporalidades materiais e atemporalidades espirituais. Ao abordar a história de um país marcado por reiteradas guerras que o deixam com uma “grande catástrofe de lembranças” (Roa Bastos) o filme sugere uma síntese de um tempo não linear, cíclico, numa cadência elaborada em camadas de tempo sobrepostas em um passado-presente-futuro esculpidos na terra, nas peles secas e pés descalços que desenham os volumes desse corpo chamado cinema. A comunicação de Andréa Scansani está disponível aqui.

 

 

ANO

2022

AUTORES

Andréa C. Scansani; Martin Dale

EDITORES

Passeio/CECS