Notas do Quotidiano 3 – A pele da cidade

No 3º volume da série “Notas do Quotidiano”, a Passeio apresenta “A pele da cidade“, livro que reúne um conjunto de micro-ensaios publicados em nossa Galeria durante o período de 2021 a 2024, em que “tece-se a pele da cidade e negoceiam-se os seus múltiplos sentidos“, como trazem as editoras:

 

No discurso da arquitetura é comum distinguir-se duas dimensões no conceito de pele da cidade. Uma primeira compreensão que abrange as superfícies exteriores físicas, verticais (como fachadas, paredes), horizontais (calçadas, caminhos…) e construções mais efémeras como estátuas ou portões. E outra em que a pele é entendida como superfície representacional, que gere interações sociais e expressões de identidade, é parte da expressão cultural e pode representar um conjunto de valores e crenças (Plowright, 2018, pp. 3-4). Neste segundo sentido, em causa estão os traços e marcas que podem ser vistos como formas de “escrita da cidade”, um termo usado por Lefebvre para designar “o que está escrito e prescrito nas suas paredes, no layout dos lugares e suas ligações, em suma, o uso do tempo na cidade pelos seus habitantes (1996, p. 115). A metáfora da pele da cidade encoraja a viver e a compreender o ambiente urbano de um modo mais pessoal e íntimo e pode ser uma forma de transformar os espaços em lugar com significado. Pensar a cidade e as suas superfícies através da metáfora de pele convida a (re)imaginar a nossa relação com a cidade, a estar atento à dimensão sinestésica do ambiente urbano, à apreciação das texturas, cores e padrões que compõem a pele da cidade e à sua mutação permanente. Como habitantes da cidade, estamos inevitavelmente em contacto com a sua pele. Podemos vivê-la, tocar-lhe, senti-la, mas, como as linhas de uma mão, também a podemos examinar, ler e interpretar. Na Plataforma de Arte e Cultura Urbana do CECS, a Passeio, consideramos que um modo excelente de estabelecer este contacto é através da caminhada. Caminhar através da cidade significa experienciar a cidade através do corpo e experienciar-nos a nós próprios através dessa experiência corporificada. A cidade e o corpo de cada um de nós suplementam e definem-se mutuamente. […]  Apenas quem se predispõe a ler a pele da cidade poderá apreciar a sua tactilidade.

 

O livro encontra-se disponível, em acesso aberto, no repositório da Universidade do Minho e pode ser lido aqui.

 

Referências

Lefebvre, H. (1996). Writings on cities. Blackwell Publishers.

Plowright, P. (2018). Extending skin: Architecture theory and conceptual metaphors. ARCC Conference Repository. https://doi.org/10.17831/rep:arcc%y552

ANO

2024

EDITORES

Pinto-Coelho, Zara. Pires, Helena. CECS - UMINHO.