Drancy-Auschwitz: Pitchipoï

Os fotógrafos franceses Jean-François Lami e Simon Daval realizaram, no ano de 2013, um projeto fotográfico cujo resultado final foi compilado e está disponível aqui.

O objetivo de ambos era o de registar em imagens o caminho realizado pelos judeus entre os campos de Drancy (França) e Auschwitz (Polónia). O percurso realizado envolveu cerca de 2.000 km de ferrovia, 50 estações, com uma duração média de 53 horas de viagem.

Essa travessia pela cidade-passagem, vista a partir do interior de um veículo – neste caso, os comboios – faz-nos pensar com os olhos. Fábio La Rocca, no livro Cidade em todas as suas formas (2018), propõe a seguinte reflexão:

é sintomático, por exemplo, na mobilidade urbana, que o olhar da paisagem urbana se faça desde o interior: ou seja, por detrás dos vidros do metrô, do ônibus, do trem, do carro e até mesmo pela super-exposição nos vidros dos cafés e restaurantes. Nesse sentido, o vidro se torna um medium, uma tela que se interpõe entre nós e a materialidade urbana. Por conta dessa intermediação simbólica do vidro-tela, nos tornamos espectadores do desenvolvimento da vida urbana quotidiana. (La Rocca, 2018, pp. 158-159)

O projeto procura, dessa maneira, configurar-se como um recurso de resgate de uma memória sensível. Que cidade-passagem era vista durante esse percurso? Que cidade-passagem não podemos nos esquecer? Que cidade-passagem nunca poderemos repetir?

ANO

2013

AUTORES

Jean-François Lami & Simon Daval