Fora-de-campo: ensaio visual em Lisboa
O que vemos no ecrã é, em primeiro lugar, o resultado de um recorte do visível efectuado pela câmara. Os limites da imagem são definidos pela janela da câmara. O que está contido nestes limites e o acto que os delimitou é o enquadramento. O enquadramento isola um conjunto de elementos, mas ao mesmo tempo está aberto, dado que esse recorte define esse lugar onde qualquer coisa pode aparecer (Michel Chion) — o que remete para a dimensão constituinte do enquadramento na sua relação com um fora-de-campo. O enquadramento implica uma determinação de fora-de-campo — determina aquilo que fica fora da imagem. O fora-de-campo interfere com o campo enquadrado e com o que se passa nele. Numa definição simples, o fora-de-campo é um conjunto mais vasto, homogéneo ao do ecrã, que prolonga o enquadramento. Mas o fora-de-campo não se confina somente a estes limites: ele pode ser absoluto, remetendo para um além do espaço contíguo e do tempo do campo enquadrado.
Referência
Chion, M. (2011/2008). A Audiovisão. Som e imagem no cinema. Edições Texto & Grafia. Trad. de Pedro Elói Duarte.
Edmundo Cordeiro, publicado a 05-05-2022
LOCALIZAÇÃO
LOCAL: Lisboa
LATITUDE: 38.698801
LONGITUDE: -9.177879