A•PER•TUR – instalação sonora

Ao capturar os sons seculares gravados em diferentes partes do seu ambiente e transpondo-os para outra geografia e temporalidade através da sua voz, Ece Canli pretende evocar um espaço liminar onde é possível uma abertura, transição e reconciliação entre passado e presente, dentro e fora, culpa e inocência, trauma e cura. É uma busca de possibilidades de criação de lugares transitórios para reimaginar a nossa consciência coletiva, justiça, corpos e futuros para além das paredes físicas e mentais.

A instalação sonora é uma composição áudio de quatro canais amplificada por quatro monitores que visam criar uma paisagem sonora imersiva, mas fragmentada.

Cada orador é a fonte de um som mnemónico diferente, ecoando fontes naturais e artificiais específicas que são partilhadas entre geografias e gerações. Diferentes elementos sonoros trazem as gravações das partes interiores e exteriores do corpo, incluindo o subsolo, água, ar e paredes, bem como a voz humana, respirações e palavras, cada uma das quais deve ser captada por geofones, hidrofones, microfones de contacto, dispositivos de escuta eletromagnética e microfones, respetivamente.

O áudio de quatro canais, com a duração de 13 minutos, foi composto por duas peças de som estereofónico. Dois dos monitores foram colocados no topo das escadas, enquanto os outros dois estavam na parte mais baixa, preparando os visitantes para subir as escadas e acompanhando-os em direção ao terraço – a luz. O som que acompanhava o processo de passagem por este espaço, onde outrora era um local de execução e confinamento e agora de uma experiência agradável de alcançar a luz, era para desorientar os olhos do visitante para juntos repensarem “onde olhar”, talvez para levar tempo neste mesmo local a contemplar que memórias estes sons de diferentes espaços e espécies evocam. Por último, mas não menos importante, foi também um convite para ouvir a pergunta meditada inserida nesta peça sonora: O que é esquecer as atrocidades que tiveram lugar uma vez “aqui e agora”, se elas só são transpostas para “outro lugar” de que fazemos parte? Se tomarmos como certo que a arte e a arquitetura são transformadoras, a justiça também o será.

Texto e instalação sonora: Ece Canli (CECS – Universidade do Minho)

Mapa de Yedikule

Publicado a 28-04-2023

Saber mais: A-PER-TUR: Um corredor sónico através do tempo, do espaço e da justiça

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