25 Oct, 2023
Ágora de Cá_O que pode a arte?
No dia 25 de outubro de 2023, pelas 18:30 teve lugar na zet gallery a primeira sessão do novo ciclo Ágora de Cá, partindo da pergunta “O que pode a arte?“. O projeto tem organização da zet gallery em parceria com a Passeio, com o apoio do dstgroup e do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho.
Partindo das temáticas sugeridas pela exposição individual de Délio Jasse, “Não contes à mãe”, na primeira sessão do ciclo Ágora de Cá_O que pode a arte?, pretende-se lançar o debate sobre o modo como vemos (ou podemos ver) a arte contemporânea, assim como refletir sobre os compromissos de natureza política nos quais os criadores, e mesmo as estruturas ou instituições expositivas e de programação, se encontram, assumidamente, implicados. Pode a arte reparar – no seu duplo sentido, da atenção e do cuidar – as desigualdades de representação de género, etnia, rasgando espaços e tempos de visibilidade para as condições não masculinas, brancas ou heterormativas? Pode a arte reescrever a História, rememoriar o presente e o futuro? Ou nada mais resta senão repetir o instituído? Que estratégias de comunicação e mediação podem potenciar o envolvimento dos múltiplos agentes, na sua relação (e sentido de responsabilidade) com as crescentes inquietações do mundo em que vivemos?
Esta primeira conversa desafia os oradores Albertino Gonçalves, Bernardo Pinto de Almeida, Délio Jasse e Marta Bernardes a refletir sobre o tema “O que pode a arte? REPARAR, REMEMORIAR, REPETIR?”, com moderação da jornalista Helena Teixeira da Silva.
Notas biográficas
Albertino Gonçalves
Albertino Gonçalves é licenciado em Sociologia pela Universidade de Paris V – Sorbonne (1981) e doutorado em Sociologia pela Universidade do Minho (1994), onde fez a agregação no grupo disciplinar de Sociologia (2005). Da sua obra constam as publicações Impactos Económicos e Sociais. Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura (com Rui Vieira de Castro, Francisco Carballo-Cruz, João Cerejeira e Luís Amaral, 2013); A Idade de ouro do postal ilustrado em Viana do Castelo (2011) e Vertigens. Para uma sociologia da perversidade (2009). Entre outras atividades de extensão comunitária, coordenou a avaliação do impacto cultural de Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura, a criação do Espaço Memória e Fronteira, em Melgaço e o Projeto Dar Vida às Letras, na Comunidade Intermunicipal do Vale do Minho, entre outras. É dinamizador do blogue Tendências do Imaginário.
Bernardo Pinto de Almeida (PT, 1954)
Bernardo (Alberto Frey) Pinto de Almeida (Peso da Régua, 1954) é poeta e ensaísta com obra publicada em Portugal e no estrangeiro. Desde 1974 desenvolveu atividade poética, teórica, historiográfica e crítica. É investigador e professor catedrático de história e teoria da arte. A partir de uma relação próxima com alguns dos principais artistas portugueses da segunda metade do século XX, elaborou aproximações críticas às respetivas obras em cumplicidade de criação, diferenciando assim o seu de outros discursos críticos.
Délio Jasse (AO, 1980)
Délio Jasse nasceu em Angola, em 1980, e, na maioridade, deixa o seu país em plena guerra civil e vem para Portugal com o objetivo de estudar artes. O bisavô paterno tinha nacionalidade portuguesa e as gerações que lhe sucederam, também.
Contudo, os pais casam no final da década de 1970, já depois da Revolução dos Cravos e do fim da Guerra Colonial, confrontando-se com nova legislação pós-colonial que não atribui ao conjugue a nacionalidade portuguesa nestas situações. Ora, quando Délio chega a Portugal, no final dos anos 90, é considerado ilegal, não sendo reconhecida a sua cidadania portuguesa, o que o levou a um longo processo de regularização como imigrante e cidadão português.
Este longo processo acaba por ditar alguns impedimentos, como o de se candidatar ao ensino superior, alugar uma casa ou ter uma conta no banco, envolvendo o artista num processo kafkiano que durou perto de uma década, acabando por se tornar no mote para a sua produção artística, na causa e na consequência do processo de investigação que então iniciou.
A sua formação faz-se na colaboração com vários ateliers de serigrafia e na exploração das possibilidades da fotografia, não apenas como tecnologia ou meio, mas como documento que esconde/revela uma história.
Marta Bernardes (PT, 1983)
Marta Bernardes nasceu na cidade do Porto, em 1983. É artista plástica, escritora e atriz, além de coordenadora do serviço de educação e mediação cultural dos museus e bibliotecas da Cidade do Porto, do Município.
É licenciada em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, instituição na qual foi docente de Artes Plásticas entre 2010 e 2012.
Aprofundou os seus estudos em artes visuais e multimédia na ESNBA de Paris e, em 2008, obteve o mestrado em Psicanálise e Filosofia da Cultura na Faculdade de Filosofia da Universidade Complutense de Madrid. Nesta mesma instituição desenvolve atualmente um trabalho de doutoramento na área da Filosofía Avançada. Foi elemento da direção do serviço educativo do Museu de Arte Abstrato Espanhol, em Cuenca, Espanha, e membro da coordenação de exposições da Fundação Juan March, em Madrid.
Desde 2005, apresenta-se ao público tanto com trabalho plástico e audiovisual como com peças de pendor performativo e musical, tanto a solo como de forma colaborativa e comunitária.
Helena Teixeira da Silva
Helena Teixeira da Silva é jornalista e vive no Porto. Iniciou a sua carreira no jornal “Público” e, como confessa, “habitou” a redação do “Jornal de Notícias” durante 21 anos, trabalhando nas áreas da Política, Sociedade e Cultura. Colaborou com a “Grande Reportagem” e a “Notícias Magazine”. Em 2022, abandonou temporariamente o jornalismo diário para desenvolver outros projetos na área do jornalismo cultural. É autora do livro “751 dias – O tempo não consome a eternidade”, sobre Paulo Cunha e Silva.