22 May, 2024
Ágora de Cá_O que pode a arte? | Potenciar, abrir, revolucionar?
No dia 22 de maio de 2024, pelas 18:30 teve lugar na zet gallery a terceira sessão do ciclo Ágora de Cá, da série “O que pode a Arte?” com o subtema “Potenciar, abrir, revolucionar?” e um debate sobre o ensino artístico em Portugal e a revolução que chegou antes e depois de Abril de 1974. A sessão, moderada pela jornalista Isabel Lucas, teve como oradores a cantora lírica Elisabete Matos; Helena Lima, responsável pela Orquestra Geração; o artista visual João Tabarra, que protagoniza a exposição “Teimosamente persisto em adorar a liberdade livre”, patente na zet gallery; e Suzana Leite, coordenadora regional do Plano Nacional das Artes.
O projeto tem organização da zet gallery em parceria com a Passeio, com o apoio do dstgroup e do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho.
SINOPSE
O ensino artístico em Portugal, a revolução que chegou antes e depois…
Ainda na década de sessenta, tinha lugar em Braga a criação do Conservatório Regional de Música de Braga, pela mão da sua fundadora, a pedagoga Maria Adelina Caravana, o qual viria a declinar, a partir de 1971, na Escola Artística – Conservatório de Música Calouste Gulbenkian da Braga. Tratou-se, na altura, de um projeto piloto, apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, visando-se a democratização e descentralização do ensino artístico no país.
A Orquestra Geração é, por sua vez, um projeto inovador que, tendo surgido em Portugal no ano letivo de 2007/2008, ancora a sua ação no desenvolvimento social através da música e destina-se a facilitar o acesso à prática de orquestra a crianças e jovens. O modelo de educação musical pública venezuelano, designado El Sistema, terá inspirado o referido projeto.
A partir de lugares liminares, onde seria talvez pouco provável observar o florescimento de práticas de ensino e de execução artística ímpares, reconhecidas pela sua excelência, assim como pelo seu alcance, ao nível do desenvolvimento individual, mas sobretudo cultural e social, a uma escala nacional e mesmo internacional, a revolução, afinal, começou antes do dia 25 de abril e o sonho continua em crescendo…
Notas biográficas
Elisabete Matos
Cantora lírica, cuja carreira internacional começou por ser impulsionada pela Fundação Calouste Gulbenkian, por sua vez a instituição mais relevante, a partir dos anos 60/70, na democratização/descentralização do ensino musical e artístico em Portugal.
Elisabete Matos nasceu em Caldas das Taipas. Diplomou-se em canto e violino no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga. Como bolseira da Fundação Gulbenkian, prosseguiu os seus estudos na Escola Superior de Canto de Madrid, onde termina a licenciatura com distinção.
Celebrou 35 anos de carreira. Pisou os mais importantes teatros do mundo como o Metropolitan de Nova York, o Teatro alla Scala de Milão, a Staatsooper de Viena entre tantos outros…. Cantou ao lado das mais emblemáticas figuras do canto lírico, como Plácido Domingo, José Carreras, Eva Marton, Leo Nucci, Renato Bruson, Ruggero Raimondi e foi dirigida por grandes maestros como Riccardo Muti, Lorin Maazel, Zubin Mehta, Bruno Bartoletti , Daniel Barenboin, Daniel Oren, Valery Gergiev, James Conlon, entre muitos outros. Interpretou as heroínas de Mozart, Verdi, Puccini e Wagner e é conhecida por ter frequentado um vasto repertório, desde Bach até à música dos nossos dias, nas melhores salas de concerto.
Gravou o Requiem de Suppé para a Virgin Classics com Michel Corboz e o Coro e Orquestra Gulbenkian, Margarita la Tornera de R. Chapí para a RTVE, Le Cid de Massenet junto a Plácido Domingo, com a Ópera de Washington, La Dolores de Bretón para a Decca,sempre com Domingo , gravação pela qual receberam um Grammy Award, O Chapéu de Três Bicos com a Chicago Symphony Orchestra e Daniel Baremboin. Gravou Les Troyens com La Fura dels Baus e O Anel dos Nibelungos de Wagner com o Teatre del Liceu de Barcelona.
É Professora Convidada na ESART do Instituto Politécnico de Castelo Branco. Foi a primeira mulher a assumir a Direção Artística do Teatro Nacional de São Carlos. É membro do Conselho Geral da Universidade do Minho.
Elisabete Matos foi condecorada Oficial da Ordem do Infante D. Henrique pelo Exmo. Senhor Presidente da República Portuguesa, Doutor Jorge Sampaio; foi galardoada com a Medalha de Ouro ao Mérito Artístico da Cidade de Guimarães pelo Senhor Presidente da Câmara, Doutor António Magalhães, foi condecorada Grâ- Oficial da Ordem do Infante D. Henrique pelo Exmo. Senhor Presidente da República, Professor Aníbal Cavaco Silva.
Recebeu a medalha de Filha Predileta da Vila de Caldas das Taipas, atribuída pela Junta de Freguesia, a medalha do Rotary Club de Caldas das Taipas e as medalhas de Honra do Grémio Literário e da Sociedade Eça de Queirós.
É detentora de vários prémios em concursos nacionais e internacionais, como do Concurso Luísa Todi ou o Belvedere de Viena, entre outros. Recebeu o prémio Lola Rodriguez de Aragón, o prémio Lyons da Lírica Italiana, O Prémio Fémina 2012 e o prémio Voz do Ano 2012.
Recebeu a condecoração “Maria Isabel Barreno” Mulheres Criadoras de Cultura e a Medalha ao Mérito Cultural, atribuída pela Secretaria de Estado da Cultura.
Helena Lima
Atual responsável pela Orquestra Geração, vocacionada para o ensino e prática da música junto de comunidades desfavorecidas.
A Orquestra Geração é um projeto de inclusão social através da música orquestral, que tem como missão promover um desenvolvimento pleno das crianças e jovens, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal, social e escolar. Criada em 2007, numa parceira conjunta entre a Escola Artística de Música do Conservatório Nacional (EAMCN), a Câmara Municipal da Amadora e a Fundação Calouste Gulbenkian, intervém predominantemente em meios mais desfavorecidos e com menos oportunidades, pugnando por um acesso à cultura e ao ensino da música para todos como um bem essencial à construção de uma sociedade mais justa e digna.
João Tabarra
Artista protagonista da exposição “Teimosamente persisto em adorar a liberdade livre.” patente na zet gallery até 6 de julho.
O seu percurso começa com uma passagem pelo Ar.Co (1986-1989), onde estudou fotografia. Experimentou o fotojornalismo, mas rapidamente percebeu que a sua criatividade e sentido crítico precisavam de um campo expandido externo aos circuitos comerciais e de comunicação convencional. A sua práxis artística explora, fundamentalmente, a fotografia, o vídeo e o texto (que funciona como forma de pensamento e construção da narrativa que as imagens traduzem). O cinema é uma espécie de grande referencial, sobretudo pelas analepses de pequenos excertos que se associam a memórias e/ou pensamentos desavindos da realidade, mas alicerçados a uma vita contemplativa. João Tabarra procura o instante, com o desenvolvimento de imagens e imagens em movimento que tomam uma posição, que recusam a neutralidade.
Suzana Leite
Coordenadora regional do Plano Nacional das Artes.
Natural de Braga, Suzana Leite é professora de Educação Visual no Agrupamento de Escolas Sá de Miranda. É também formadora do Programa de Educação Estética e Artística da DGE (Direção Geral da Educação) e autora de artigos sobre Educação Artística e Ilustração. Produz manuais escolares para a Porto Editora e já fez também projetos de ilustração infantil. É responsável pela dinamização de oficinas de cerâmica e ilustração para adultos e crianças.
Isabel Lucas
Moderadora nesta conversa.
Docente na Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa.
Jornalista e crítica literária, escreve regularmente no jornal Público e colabora com várias publicações, sobretudo nas áreas de cultura e viagens. Ao longo dos últimos anos, tem vivido entre Lisboa e Nova Iorque. É autora dos livros “Conversas com Vicente Jorge Silva” e “Viagem ao sonho americano”, uma viagem literária, e não só, aos Estados Unidos da América.